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Blocos em Construção

  • Foto do escritor: andre hermeto
    andre hermeto
  • 31 de out. de 2023
  • 12 min de leitura

Atualizado: 16 de nov. de 2023

Conheça um pouco da história do desenvolvimento da natação na capital mineira


O ano de 1937 representa um marco decisivo na história da natação esportiva em Belo Horizonte. A cidade, cujos olhos de seus quase 200 mil cidadãos voltavam-se para o futebol, e os corações eram tomados pelos três grandes clubes do esporte, ganhava naquele ano um clube com uma proposta diferente. A fundação do Minas Tênis Clube (MTC) abriu espaço para o desenvolvimento de um leque de modalidades esportivas, sendo a natação o carro chefe desse novo projeto. Deste momento em diante, os primeiros blocos de partida começaram a se instalar nas piscinas de BH.


Em meio ao Estado Novo (1937-1945) de Getúlio Vargas, num contexto político e ideológico que buscava incorporar na sociedade valores como disciplina, saúde e modernidade, a natação foi abraçada pelos fundadores e sócios do MTC como o esporte mais completo, e sua prática ganhou a preferência nos primeiros anos do clube. Essa predileção elevou uma cidade e um estado sem a menor tradição na natação em uma potência nacional, incentivando a criação de novos programas e novos clubes pela cidade.


 Piscina, prédio do relógio, vestiários e trampolim em construção
Piscina, prédio do relógio, vestiários e trampolim do Minas Tênis Clube em construção, no ano 1937. Fonte: Acervo do MTC

OS PRIMÓRDIOS DA NATAÇÃO NO BRASIL


Apesar da posição atual de destaque da natação belorizontina no cenário nacional, demoraram cerca de 40 anos, desde a primeira competição oficial do esporte no Brasil, para que a cidade conseguisse competir de igual para igual com as equipes do Rio e São Paulo.

Em 1898, o Clube de Natação do Rio de Janeiro (CNRJ) deu início à prática de natação como esporte no país ao realizar seu primeiro campeonato. O evento contou com uma prova única de 1500m nado livre (distância entre a Fortaleza de Villegaignon até a praia de Santa Luzia) e foi realizado por 14 anos, até seu término em 1912, quando novas competições e novas provas passaram a ser incorporadas na agenda dos atletas. Até então, as competições eram realizadas em águas abertas, devido a falta de piscinas e estruturas nos clubes.


Em Belo Horizonte, simultaneamente, a natação ainda engatinhava, devido à ausência de piscinas e espaços aquáticos naturais propícios para a prática. Apesar da ausência de registros, especula-se que a natação tenha sido praticada nas lagoas de Belo Horizonte em eventos promovidos pelo antigo Velo Club, como é citado no artigo “Os Primeiros Campos”, de Lucas Sousa. Apesar da breve existência (1889-1902), o clube foi fundamental na introdução das práticas esportivas para a cidade.


Ainda assim, até o início da década de 1930, a natação não havia apresentado qualquer progresso significativo em BH. O América Futebol Clube e o Clube Atlético Mineiro passaram a contar com seus discretos programas, oferecendo treinos em piscinas de 25 metros, na década de 1930. No livro “Campeão de Desafios”, biografia do ex-nadador e empresário Sânzio Valle Mendes (uma das grandes figuras do esporte belorizontino), escrita em 2009, José Renato de Castro Cesar descreve a antiga piscina do Galo:

“Naquela piscina ... não se via nem o fundo, por ser toda de cimento, sem azulejos, na querida Sede do Galo, em Lourdes. Onde hoje se acha construído o Diamond Mall.”


A piscina do América, por sua vez, parte do complexo esportivo do Alameda criado em 1928, tinha uma profundidade de mais de 7 metros, algo inconcebível para a prática da natação competitiva atualmente, e que favorecia muito mais a prática de saltos no trampolim.


No entanto, em 1935, sob a liderança de Necésio Tavares, um grupo da elite política e econômica de BH se apoiou no projeto político e cultural do governo Vargas em Minas, na época sob comando do então governador estadual Benedito Valadares e do prefeito nomeado Otacílio Negrão de Lima, para dar início a um projeto que se encaixava aos ideais modernistas e nacionalistas do período: a fundação do Minas Tênis Clube.


A juventude representava o progresso e o futuro, e era sobre ela que o esporte tinha um poder disciplinário e civilizador. Entre todos os esportes, a natação era o destaque.


O ESTADO NOVO E A FUNDAÇÃO DO MINAS TÊNIS CLUBE


O estatuto do MTC, em 1937, destaca que o clube "tem por objetivo promover entre os sócios, a prática de toda sorte de jogos esportivos, exercícios atléticos, propugnando pelo desenvolvimento físico, racional e principalmente, da cultura física infantil". Percebe-se que o clube já nasce incumbido da missão de construir uma consciência de ordem entre seus membros, e de trabalhar pela melhoria do civismo através do esporte.


Uma vez que assumiu o poder, em 1930, Vargas concebeu um projeto que visava superar o atraso econômico brasileiro. Em uma economia voltada essencialmente para a agroexportação, o conceito de modernização passava por um processo da ordem industrial. E nesse contexto, as reformas necessárias na sociedade previam a configuração do “novo homem” e da “nova mulher”, indivíduos com a disciplina, harmonia e obediência as regras que um povo produtivo exige. Segundo a pesquisadora Marilita Aparecida Arantes Rodigues, em sua dissertação “Constituição do sentido moderno de esporte: pelas trilhas históricas do Minas Tênis Clube”, em 1920, a visão do esporte era mais voltada para o lazer do que para a competição. A sociedade brasileira ainda não havia absorvido os valores de uma sociedade industrializada, e por isso não buscava no esporte os atributos para a melhoria do rendimento e da produtividade.


Quando o prefeito Otacílio Negrão de Lima tomou posse em 1935, alinhado ao ideal desenvolvimentista do varguismo, preparou Belo Horizonte para a implantação da industrialização. Seu mandato foi marcado por constantes mudanças no cenário urbano. Entre elas, idealizou a construção de um parque na Rua da Bahia, o Parque Santo Antônio, visando atender as demandas de uma população, em pleno crescimento, por espaços para a prática do esporte e lazer. “A princípio, o local da construção do Parque Santo Antônio seria destinado a um zoológico. Devido a sua localização, como bairro residencial da elite e a sua proximidade com o Palácio do Governo e a Praça da Liberdade, a edificação de um zoológico neste local ficou inviável.” - escreve Luciana Schuffner em sua dissertação “O Minas Tênis Clube e o Estado Novo: moldando corpo e mente da juventude de Belo Horizonte (1935-1945)”.


Planta de BH em 1930. Na parte inferior, está a Praça da Liberdade, e a sua esquerda, o terreno onde foi construído o MTC. Fonte: PANORAMA DE BELO HORIZONTE: Atlas Histórico, 1997.










Ao mesmo tempo, um grupo de moradores do bairro Serra, da elite belorizontina, carecia de locais apropriados para desempenhar atividades esportivas, e tentava organizar um clube que pudesse fornecer uma maior gama de modalidades. O grupo criou então o Serra Tênis Clube. Inicialmente, dispunham de uma quadra de vôlei, construída no terreno de Necésio Tavares. Já na quadra de tênis do Parque Municipal, uma turma de tenistas liderada por Waldomiro de Salles Pereira, já vislumbrava a fundação do Belo Horizonte Tênis Clube. É dessa fusão que nasce o MTC, um clube capaz de comportar as demandas dos praticantes de diferentes esportes.


De acordo com a dissertação de Luciana Schuffner, o grupo foi então atrás do prefeito Otacílio Negrão para propor o arrendamento do terreno que seria destinado à construção do Parque Santo Antônio. Com o aval do político, o novo clube que se formava ainda se beneficiou das obras da piscina e das quadras esportivas, que já tinham tido início. De acordo com documentação no Acervo do MTC, o arrendamento foi concedido pela quantia de dois contos de réis. Em 1937, o arrendamento foi rescindido, e o terreno se incorporou ao patrimônio do clube. O Minas Tênis Clube nasceu, dessa forma, de uma contribuição de um grupo da elite belorizontina com o poder público, pautada pelos ideais de modernização, nacionalismo e progresso do Estado Novo.


Durante 1936 e 1942, quem presidiu o clube foi o Major Ernesto Dornelles, chefe de polícia de Minas Gerais, e primo de Getúlio Vargas. O MTC era dirigido e freqüentado pela elite e pela classe média letrada da cidade, com o Estado sempre presente nas decisões e no desenvolvimento do clube.


"A fundação do MTC, em 1935, não pode ser considerada somente uma realização de um pequeno grupo da elite mineira que necessitava de um espaço para a prática de esporte e lazer. Ela é também representativa de uma conjuntura política vivida pelo Brasil, na década de 1930, na qual iniciativas que promovessem o esporte e o lazer eram bem recebidas e incentivadas pelo poder público." - escreve Schuffner.


Visita de Getúlio Vargas ao MTC, em 1938. Caminha a sua direita o interventor de Minas Gerais, Benedito Valadares. Fonte: Acervo do MTC


A inauguração da praça de esportes do MTC ocorreu em 27 de novembro de 1937. A ênfase que seria dada ao programa de natação no novo clube foi evidenciada pelas presenças na inauguração da piscina de, entre outras, Maria Lenk e Piedade Coutinho, recém retornadas das Olimpíadas de Berlim no ano anterior. As duas se destacavam como as grandes atletas da natação brasileira na época; Maria Lenk se tornaria recordista mundial nos 200m e 400m peito em 1939, feito que a colocou como a favorita absoluta para conquistar o primeiro ouro brasileiro da natação nas Olimpíadas de Tóquio no ano seguinte. O início da guerra, no entanto, postergou esse sonho para quase 70 anos depois. Já Piedade Coutinho, que também teve o auge da carreira privado pela guerra. Voltou de Berlim com o título de 5ª melhor nadadora do mundo nos 400m livre, recordista sul-americana, e o apelido de “Garota Prodígio”, aos 16 anos.


Apesar da importância de grandes nomes no evento, o divisor de águas para a natação na cidade foi não só a presença, mas a contratação de Carlos Campos Sobrinho, o Carlito, para assumir o programa de desenvolvimento da natação do MTC. O técnico, que hoje dá nome ao campeonato juvenil brasileiro de verão, comandou a equipe brasileira nos Jogos de 1936.


“Antes da criação do MTC, a natação era praticada nas piscinas do América e do Atlético, e no interior do Estado, apenas em Uberaba e Uberlândia. A vinda de Carlos Campos Sobrinho, o Carlito, para Belo Horizonte foi um marco para o desenvolvimento da natação em Minas Gerais. Além de promover cursos para formação de técnicos de natação e distribuí-los em todo o Estado, Carlito foi o idealizador da Federação Aquática Mineira (FAM).

- escreveu Marilita Aparecida Arantes Rodigues, em sua dissertação.


No Projeto de Memória Oral do MTC, disponibilizado no acervo do clube, são poucos os testemunhos que não citam Carlito. Logo após assumir o cargo, ele contratou novos técnicos e auxiliares, expandindo a equipe com diferentes horários de treino e categorias. Ainda sem uma equipe adulta competitiva, os primeiros destaques da natação belorizontina vieram da base, da categoria infanto-juvenil. No 1º campeonato brasileiro disputado, em 1939, as equipes eram divididas por federações, e a FAM sagrou-se campeã, apresentando algumas das primeiras estrelas do esporte na cidade, entre eles o futuro presidente do Minas, Sânzio Valle Mendes.


A década de 1940 serviu para consolidar a natação mineira. Com uma equipe adulta formada em 1940, a Federação Aquática Mineira disputou seu primeiro campeonato brasileiro absoluto, que hoje inclui os atletas com os melhores tempos entre todas as categorias, desde os profissionais até a base. A competição contou com a presença de seis federações: Federação Aquática Mineira (FAM); Federação dos Clubs de Regatas da Bahia (FCRB); Federação Nautica Fluminense (FNF); Federação Paulista de Natação (FPN); Liga de Natação do Rio de Janeiro (LNRJ); Liga Nautica Rio Grandense (LNRG).


O desfecho exato da pontuação é incerto, pois a contabilização de pontos nos documentos históricos se mostra incompleta. No entanto, se considerarmos o resultado computado, mesmo que incompleto, a FAM teria conquistado o 3º lugar geral, atrás apenas da LNRJ e da FPN. No nível absoluto, disputado por nadadores independentemente da idade, a natação mineira se manteve competitiva com as grandes delegações de São Paulo e Rio. Em 1944, a aquática montanhesa, como era referida a organização de atletas mineiros na época, foi vice-campeã geral brasileira e campeã na categoria feminina. Um detalhe importante ainda era a quantidade reduzida de representantes mineiros, quando comparado as federações paulista e carioca. Enquanto a FAM contava com 17 atletas, a FPN contava com 40 e a LNRJ com 50 atletas.

Enquanto os adultos ainda não conseguiam contornar a barreira dos paulistas e cariocas, a base infanto-juvenil acumulava vitórias ano após ano. Em entrevista concedida ao Centro de Memória Oral do Minas, Sânzio Valle Mendes afirma que a federação mineira viveu um domínio de 12 anos sobre a natação nacional. O foco que o clube e a diretoria do Minas deram nas categorias de base foi uma determinação de Carlito; o técnico foi o primeiro a clamar que a natação se faz cedo, com infantis e juvenis. Não era de sua intenção produzir campeões a partir de organismos já formados, adultos com defeitos e vícios técnicos e físicos. Ele encontrou esse campo aberto no Minas Tênis Clube, em um projeto de desenvolvimento focado em jovens.


Um outro fator importante na década de 1940, foi a fundação de novos clubes na capital mineira. Alguns dos principais programas de natação de Belo Horizonte atualmente, como o Olympico Club e o Mackenzie Esporte Clube também tiveram seu início motivados pelo crescente sentimento nacionalista do Varguismo vigente. Embora ainda não contassem com programas de natação relevantes no cenário nacional, os novos clubes evidenciavam o fenômeno esportivo que tomava conta da cidade na época e contribuía para um aumento cada vez maior dessas práticas na sociedade belorizontina.


ASCENSÃO DE NOVOS CLUBES


A Federação Aquática Mineira (FAM), conta hoje com 16 clubes filiados, dos quais seis são de Belo Horizonte. Em quantidade de atletas filiados, o Minas tem a hegemonia, com 384 nadadores, enquanto o Praia Clube, de Uberlândia, fica em segundo, com 131 atletas. Logo atrás, dois clubes de BH brigam pela terceira colocação no estado, o Mackenzie Esporte Clube e o Olympico Club, com 79 e 72 atletas, respectivamente.


OLYMPICO CLUB


No início de 1940, enquanto o MTC buscava espaço na natação brasileira contra paulistas e cariocas, um grupo de amigos se reunia no bairro Serra para colocar o papo em dia. – Sim, era o mesmo bairro em que Necésio Tavares e seus sócios do Minas jogavam vôlei durante os anos que antecederam a fundação do clube. O Serra era um bairro da elite belorizontina, e o elitismo foi um denominador comum entre os clubes privados instaurados na cidade.


Liderados pelos irmãos Magalhães Pinto (Roberto, Renato e Rogério), o grupo se reuniu no dia 4 de fevereiro de 1940 para oficializar a construção de uma quadra para a prática de vôlei, em um terreno vago na Rua Chumbo (hoje, Prof. Estevão Pinto). O projeto marcou o primeiro de muitos que viriam a compor a estrutura do segundo mais antigo clube poliesportivo e social de Belo Horizonte, o Olympico Club. Os amigos, que eram 11, se encarregaram de todo o trabalho da iniciativa, buscando saibro para a construção da quadra na antiga estrada para Nova Lima, onde hoje funciona o Hospital da Baleia, com o uso de uma caminhonete emprestada por Clóvis Magalhães Pinto, pai de Renato, Roberto e Rogério. De acordo com a dissertação “História do Turfe em Belo Horizonte”, de Márcio de Ávila Rodrigues, Clóvis havia sido presidente do Derby Club de Belo Horizonte (que futuramente viria a se chamar Jockey Clube de Belo Horizonte), entre 1938 e 1940. Já com certa influência na elite belorizontina, ele era amigo pessoal de Juscelino Kubitschek e, inclusive, trouxe o futuro presidente para a cerimônia de assinatura da fundação do Olympico, para ser o presidente de honra do recém-nascido clube.


A quadra construída pelos 11 amigos, em 1940. Fonte: Revista edição 77 anos do Olympico Club

A expansão do Olympico se deu de forma mais gradual em relação ao MTC. Em 1946, o vizinho de Clóvis, cedeu a casa em frente ao terreno para expandir a sede do clube. O local contava com piscina e uma grande varanda onde os sócios realizavam as danças semanais. Quatro anos mais tarde, com a ajuda de Willer de Magalhães, os jovens adquiriram o terreno no qual o Olympico funciona até hoje, na rua Professor Estevão Pinto; enquanto o grupo tinha dificuldade em fechar o negócio, devido a desconfiança do proprietário em fazer negócios com “meninos”, Willer preencheu um cheque pessoal no valor de 200 mil cruzeiros, e passou imediatamente a escritura para os 11 amigos.


Em 1957, o Clube já contava com duas quadras de vôlei e basquete, uma piscina com poço artesiano próprio para seu reabastecimento, um vestiário e um playground. A natação do Olympico ganhou tração na década 1970, carregada pela primeira estrela do esporte no clube, Ângela Maestrini, e seu técnico Chiquinho. Com o tempo, Ângela passou a ameaçar a hegemonia de atletas do Minas nas competições estaduais e metropolitanas, até se tornar campeã brasileira e sul-americana, em 1976.


Entre 1977-1987, a equipe de natação do Olympico, comandada pelo técnico Marco Aurélio Valadares foi dez vezes vice-campeã estadual, sempre atrás do MTC. Em 1984, no entanto, o clube quebrou a hegemonia estadual do Minas e conquistou o Campeonato Mineiro de Inverno, por mais de cem pontos de diferença. Na ocasião, o MTC terminou a competição em 3º lugar.


De acordo com o ex-diretor de tênis, Dillo de Campos Moraes, no ano 2000, a escolinha de natação do Olympico era a principal fonte de receita do clube.


Digitalização de edição do Jornal de Minas, em 1984: Olympico é campeão do Troféu Mendes Júnior. Fonte: Acervo do MTC.

MACKENZIE ESPORTE CLUBE

A história se repete mais uma vez. Um grupo de amigos, sem local para praticar esportes, constrói a sua própria quadra na rua Sergipe. Enquanto o Minas e o Olympico nasceram pela paixão com o vôlei, principalmente, o Mackenzie teve o basquete como seu esporte pioneiro. A “Turma da Gameleira”, como eram chamados, usava um aro de bicicleta preso a uma tábua para formar a cesta de sua primeira quadra. Eventualmente, o vôlei também passou a ser praticado.


Conforme apresentado na edição de 65 anos da revista oficial do Mackenzie, no ano de 1943 o grupo rapidamente passou a vislumbrar a possibilidade de participar de campeonatos de basquete pela cidade. Para isso, tiveram de se filiar à Federação de Basquete e Vôlei e, no processo, fundaram o Mackenzie Esporte Clube. Ainda sem uma sede definida, Celso Vidal Gomes, líder do grupo, cujo pai havia fornecido o primeiro terreno para a construção da quadra na rua Sergipe, tomou às rédeas do clube para procurar um novo local de treinamento.


A resposta veio com a ajuda de seu tio, Amintas Vidal Gomes, então delegado especial da Polícia Mineira e superintendente da Guarda Civil, que emprestou um campo de futebol na av. João Pinheiro. O campo pertencia à própria Guarda Civil. Evidenciando a importância que os esportes vinham tomando na elite belorizontina, Celso lembra das palavras que seu tio lhe disse quando concordou em ajudá-los: “O campo da Guarda Civil está liberado para você e seus amigos praticarem esportes. Se é algo relacionado ao esporte, respeito e pode ficar à vontade, vou emprestar com gosto.


Aquela se tornou a primeira sede do Mackenzie, e se manteve assim até 1949, quando o Governador de Minas Gerais, Milton Campos, tomou o terreno para a construção do Departamento Estadual de Trânsito, o Detran. Ainda sem um patrimônio próprio, os fundadores alugaram quadras para manter as equipes ativas e participando de competições. Apenas em 1961, sob a presidência de Américo de Castro Ribeiro, o clube inaugurou sua própria praça de esportes, no bairro Santo Antônio, onde se encontra até os dias atuais. Aos poucos o espaço foi crescendo, com a compra de novos lotes e a inauguração do ginásio coberto em 1970. A equipe de maior destaque do clube na época era o vôlei feminino, responsável pela visibilidade e o número crescente de novos associados. Entre 1950-1956, ainda sem quadras próprias, as atletas de vôlei do Mackenzie foram heptacampeãs municipais, superando seus principais rivais, o Atlético e o MTC.


Canteiro de obras da atual sede do MEC, no final da década de 1950. Fonte: Revista 65 anos Mackenize


A natação do clube só passou a ser praticada a partir de 1961, com a inauguração da piscina localizada na nova praça de esportes. Na década de 1970, o Mackenzie já figurava entre os principais clubes da cidade.




 
 
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